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Moradias Saudáveis

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(da absurda eliminação das janelas dos banheiros em condomínios residenciais)

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Houve um tempo não muito distante em que as casas tinham janelas em todos os cômodos – todas as casas, das mais suntuosas até as mais simples.

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Então, alguns construtores se juntaram a arquitetos e engenheiros que toparam a parada e resolveram, em nome do lucro, construir imóveis sem janelas em algumas peças. Era, segundo eles, para “baratear custos” e “aproveitar o terreno”.
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Traduzindo: onde seria possível construir 20 apartamentos, eles queriam porque queriam construir 30. E começou-se então a construir apartamentos que atentavam contra a dignidade humana: com banheiros e cozinhas sem janelas. Tiraram também as janelas daqueles corredores em cada andar, nas saídas dos elevadores.  Banheiros, cozinhas e corredores – justamente locais onde o sol e o vento são absolutamente indispensáveis, até por questão de saúde pública.

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Isto barateava custos de construção, mas aumentava custos de manutenção para os incautos que comprassem tais imóveis. A falta de janelas demanda instalação de sistemas de ventilação e uso constante de iluminação elétrica, além da manutenção inerente a esses sistemas que, ao longo do tempo, significam contas de eletricidade altíssimas. E a pior questão: o infeliz comprador e/ou morador sofreria para sempre a ausência da ventilação natural e da luz solar nestes cômodos. É preciso não esquecer que moramos num país tropical, com farta luminosidade solar o ano todo.

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E as pessoas compravam estes imóveis. Por que? Por que estavam aflitas para se livrar do aluguel, porque tinham o velho sonho da casa própria. Os construtores jogaram com isto. E deu certo.

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Quanto aos compradores, com o passar do tempo foram percebendo que o mofo, o mau cheiro, a umidade tomavam conta do imóvel. Mas, já tinham investido dinheiro e sonhos. E acabavam morando ali para sempre, mesmo descontentes, com os filhos cheios de alergias e problemas respiratórios.

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Esqueceram estes construtores que um apartamento é um lar, onde se mora, onde se come, onde se dorme, para onde se vai todos os dias, depois do trabalho. Não é um hotel, não é uma hospedaria. Esqueceram que moramos num país tropical, onde o clima é quente. Onde é abafado e úmido, mesmo no inverno. Esqueceram que a luz solar e o vento são gratuitos, mais baratos, portanto, do que a luz elétrica e o ar condicionado. E que durante o dia é a luz do sol que devemos usar. O sol existe para isso mesmo. Deixemos a iluminação elétrica para a noite. É assim que funciona. Pelo menos é assim que deveria funcionar.

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Enquanto isso, os construtores, que rapidamente enriqueciam, passaram a morar em mansões e em belos apartamentos com janelas em todos os cômodos, obviamente.

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Ademais, estamos num momento em que a humanidade se mobiliza para usar fontes econômicas de energia, em que se propõe o uso da energia solar e eólica. Os países, por sua vez, implantam horários de verão para aproveitar a luz solar.

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Enquanto isso, na contramão do sustentável, construtores constroem imóveis onde se tem que usar a dispendiosa iluminação artificial até durante o dia.

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E o sol e o vento não custam nada.

Fonte:
http://arquitetossolares.wordpress.com/category/moradias-saudaveis/

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